Ponto #002 - O calor derreteu a caneta



O calor derreteu a caneta

     Eu não escrevi essa semana, e a desculpa que eu tenho para dar é: o calor derreteu a minha caneta. Como escrever no computador com uma caneta derretida?

    Se você tem a resposta para essa minha pergunta, por favor, guarde para você, afinal de contas eu posso usar a minha licença poética e ser agressivo, a agressividade também tem sua parcela pelo calor apocalíptico que vem fazendo nas últimas semanas e principalmente nessa última. E eu estou aqui bem perdido tentando achar um pouco de umidade para respirar e viver. É muito complicado tudo o que estamos vivendo, pandemia, recordes de queimadas, recordes de desvalorização da nossa moeda, recordes de mentiras vindo de um presidente, recordes de lives sobre tudo e qualquer assunto e tantas outras coisas que não sei nem mais enumerar aqui nesse espeço.

    Sinceramente, 2020 está sendo uma provação sem tamanho para todos nós, e eu tenho certeza que em  alguma medida você também está passando por uma situação bem complicada, eu sei que deve ser uma barra sem tamanho e sei também que a vontade de desistir e tomar um banho de álcool gel e andar de braços abertos pela rua e pegar combustão por conta do sol é enorme, eu sei, também estou com essa vontade, mas precisamos racionalizar um pouco e pensar: o que os órfãos da série Desventuras em Série fariam no meu lugar?

    Pense um pouco, pois já estamos a mais de dois anos tentando mostrar para um terço do Brasil, em termos comparativos é claro, que o JB é o nosso Conde Olaf, e sempre na hora h ele dá um jeito de fazer uma cortina de fumaça ou mudar o foco com um escândalo maior, e não sei você, mas esse calor tirou toda e qualquer esperança que tenho, porque afinal de contas quem iria imaginar que sucatear e limitar o ICMBio e o IBAMA iria provocar nas maiores ondas de desmatamento e queimadas que o nosso país já viu?

    Contém ironia na pergunta acima e eu sei que mudei de assunto, mas como não mudar quando minha existência está igual a da caneta que me impediu de escrever e estudar essa semana, derretida e sem vontade de cantar uma bela canção? O que me resta é encarar esse calor com um filtro do meu lado, um creme para as mãos e os cotovelos (pois é horrível a sensação de pele seca nos dedos e digitar, parece que o dedo vai esfarelar) e colocar um humidificador em cima da minha cabeça e voltar a rotina.

    Essa onda de calor só me fez ter mais certeza sobre uma coisa simples, somente estudando e me tornando alguém capacitado e sem precisar forjar currículo que eu vou poder ser uma peça importante para a transformação do país. Ficar só nas redes sociais e reclamando da caneta derretida não vai ajudar nada, mas estudar vai. Até o momento que eu seja alguém na vida chegue, eu vou aqui vivendo nesse calor e secura e quando a pressão for de mais eu dou a desculpa que não deu para escrever no PC porque o calor derreteu a caneta. 

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