Por que larguei engenharia civil e fui para o curso de letras.
Hoje eu vou compartilhar aqui com vocês o porquê
que eu saí da faculdade de engenharia civil e decidi cursar letras, e como a
minha vida mudou depois disso.
Geralmente quando as pessoas sabem que eu fazia engenharia
civil e larguei o curso para poder fazer o curso de letras, elas pensam e
muitas verbalizam “caramba que moleque burro”. Mas não é somente uma questão de
afinidade, sempre foi apaixonado por engenharia principalmente por arquitetura,
para quem não sabe eu moro aqui em Brasília e arquitetura em Brasília é uma
questão muito intrínseca na vida do brasiliense. A gente vive com obras do
Oscar Niemeyer, Lúcio Costa, Athos Bulcão e Tomie Ohtake, além dos vários nomes
de arquitetos contemporâneos que estão aqui produzindo muita coisa legal. Então
a questão de arquitetura e da engenharia é algo do cotidiano do brasiliense, e
eu tive um probleminha na atuação profissional da área.
Eu acho que
foi questão de imaturidade mesmo, por eu gostar muito de arquitetura e engenharia
civil eu pensei que eu poderia trabalhar nessa área sem nenhum problema, fui
para o curso de engenharia civil e fui fazendo o curso sem nenhum problema e
consegui entrar no mercado de trabalho antes ainda de me formar, e isso é uma coisa
até que rara, então eu tive uma certa sorte. Eu trabalhei numa empresa que é da
área de iluminação que fazia desde o projeto luminotécnico até a execução, e eu
fiquei na parte ali da execução. Eu ajudava a coordenar as equipes de
eletricistas e visitava obras para fazer check-list das obras, se tinha
algum problema na obra eu ia lá para poder ver e encontrar uma solução para
poder resolver aquele problema.
Eu comecei a ver que aquilo não era uma vida que eu
queria muito, sabe? Mesmo assim eu já estava fazendo a faculdade e já estava
mais da metade do curso. Na medida que eu ia vivendo aquelas coisas, em que começamos
a viver o dia a dia da profissão eu comecei a ver que estava acontecendo alguma
coisa, eu não estava me encaixando no meio daquilo.
Sabe, por conta disso eu tive experiências
maravilhosas, eu trabalhei no projeto de iluminação da reforma do Memorial JK,
trabalhei também na Mostra CasaCor daqui de Brasília, também fiz visitas na embaixada
da Palestina e no Aeroporto de Brasília, e tudo é muito complicado, eu tive
contato com muita gente boa da construção civil, só que eu não estava me comtemplando
no dia a dia e teve um dia no escritório que eu acho que me deu um burnout
e então eu surtei. Eu simplesmente comecei a chorar na mesa, eu não estava conseguindo
compreender o que estava acontecendo.
Eu simplesmente me levantei e fui embora, ali naquele dia eu
percebi que engenharia civil e que a área de construção
civil não era realmente para mim. Felizmente naquele momento eu também percebi
que algo que eu já fazia como hobby que era o que me dava mais satisfação, que
era a parte de literatura. Nesse tempo além de trabalhar eu desempenhava as
atividades com o blog que tinha, o Ponto Para Ler, foi um blog que eu tive de 15
março de 2013 a Março agora de 2020.
Compreendi depois desse episódio, desse Burnout,
desse stress todo com a construção civil que trabalhar com literatura me fazia
mais Paulo do que eu trabalhando na área da engenharia civil. Depois desse
negócio de sair do escritório chorando não querendo mais conviver naquele
ambiente, eu decidi tomar uma decisão na minha vida e então eu larguei o curso
de engenharia civil, porque eu vi que não era algo que realmente me contemplava
e foquei no curso de letras.
O curso mudou a minha vida completamente, a minha forma
de enxergar o mundo mudou, eu peguei durante o curso, por ter feito
bacharelado, a parte morfológica, a parte sintática e a parte de construção da
língua, como a língua se desenvolve e de como a língua é viva, saber como a
língua não é um sistema sólido ela é um sistema fluido, e isso me encanta. Você
não têm ideia de como estudar essa parte da linguagem, essa parte de como nos
comunicamos me deixa feliz, e saber também que fazendo bacharelado eu posso
trabalhar com revisão, posso trabalhar na área acadêmica eu posso trabalhar na
literatura e em uma infinidade de possibilidades.
Eu estou focando o meu curso pegando as optativas
para área de literatura, crítica literária, literatura russa, literatura
africana, literatura asiática, literatura inglesa e principalmente a literatura
portuguesa.
Que privilégio eu tive em poder ter a oportunidade
de trocar de curso e de poder me encontrar profissionalmente. Esse foi só um
pouco da minha história, mas é esse detalhe da minha vida que deu aquela volta
de 180° e, finalmente, miro para onde realmente quero e para o caminho que me
completa.
Ah, me formo agora no final do semestre, a partir
de julho de 2021 sou um profissional das letras formado.
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