Primeiro Trimestre
Janeiro, 04
A carta chegou há uma semana, mas todos
os dias fico encarando-a. Ainda não acredito que fui convocado para a guerra.
Hoje, no porto, minha mãe chorou de um
jeito que eu nunca vi e meus irmãos estavam com os olhos vermelhos e inchados.
Também, desde que a carta chegou, eles choram todos os dias achando que estou
indo para a morte como o nosso tio.
Antes de subir no navio olhei para trás e
me bateu uma vontade de correr e sumir no mundo. A mochila que me deram pesava
mais a cada passo dado em direção ao píer, mas era inútil correr naquele ponto.
Eu estava bem no meio da fila, que era escoltada por soldados.
Assim que embarcamos apenas nos deram
tempo de colocar nossas mochilas nas cabines e voltar para o convés. Hoje
descobri que não vou gostar de ser um militar. Os gritos e os insultos só para
que todos ficassem em ordem foram desnecessários, qualquer criança de seis anos
sabe ficar em fila. O pior foi ter que tentar ficar parado enquanto o navio
balançava para ouvir algum capitão ou algo do tipo falando e gritando na frente
de todo mundo.
Janeiro, 11
Já faz uma semana desde a última vez que
vi terra firme. Uma semana que nada para no meu estômago. Uma semana que não
durmo direito.Uma semana que sou obrigado a limpar o chão todos os dias ouvindo
gritos de que isso faz parte do meu treinamento. Uma semana que só vejo homens
e, sinceramente, estou ficando entediado e cansado de só ver pintos na hora do
banho.
Ouvi uma conversa no corredor de que
ainda devemos ficar mais uns dois ou três dias navegando até chegarmos à costa
do Reino Unido, ou seja, mais alguns dias nesse tormento. O que me anima um
pouco é poder ler sempre uma carta que a minha mãe me deu antes de eu ir
embora.
Na cabine onde durmo, que por sinal é
perto da casa de máquinas e faz um barulho infernal dia e noite, que é outro
motivo pelo qual não consigo dormir bem à noite, existem quatro camas. Bem,
camas não, estão mais para redes do que para camas. Eu divido esse cubículo com
o Adam Scotch, um filho de lenhador de dezenove anos. William sem sobrenome, um
morador de rua de vinte e nove anos, e o Anderson White um cara de nariz
achatado que foi o que mais me identifiquei, ele tem vinte e dois anos. Ali,
mesmo sendo o mais novo, com os meus dezoito anos, me sinto o mais inteligente
por ser o único a saber ler e escrever.
Mas ainda assim, o meu melhor companheiro
é esse diário.
Janeiro, 30
Depois que desembarquei no Reino Unido
minha rotina mudou do tédio e limpar o chão para a de adrenalina e comer lama.
O treinamento está me matando e eu não sei se aguento mais isso. Todo dia sendo
acordado por uma corneta barulhenta e desafinada, comer ouvindo gritos, treinar
ouvindo gritos, ficar parado ouvindo gritos, andar ouvindo gritos enfim, viver
ouvindo gritos. Se isso for por causa da guerra acho que será bem provável que
morra ouvindo alguém gritar comigo “você morreu errado! Volte, dê mais dez
voltas com o fuzil e então morra direito!”.
O William Sem Sobrenome conseguiu acertar
o próprio pé no treinamento de tiro. Um grande e estúpido nova-iorkino. Tirando
isso, meus dias tem sido a mesma coisa, uma gritaria só.
Amanhã partiremos para a França para
marchamos até uma base próxima à fronteira da Itália. Dizem que estamos prontos
para o combate, mas o fuzil continua sendo muito estranho para mim e toda vez
que tenho que dar um tiro fecho os olhos esperando e rezando para que a arma
não exploda nas minhas mãos.
White todos os dias diz que quer matar um
nazista para se sentir vingado pela morte do pai, eu concordo balançando a
cabeça, mas no fundo tento pensar em não matar ninguém.
Fevereiro, 7
Não tomo banho há cinco dias, os campos franceses são lindos, grandes campos vastos de fazer a vista se perder no horizonte, lindos e assustadores, lindos pela beleza da natureza, mas assustadores e desertos. Passamos por casas e cabanas que eu perdi as contas, todas abandonadas. A cada casa deserta que passamos me bate um calafrio na espinha.
Hoje pela manha um sargento de outro
agrupamento veio falar comigo, parece que alguém disse para ele que eu sabia
ler e escrever. Ele me fez a proposta de ir para o pelotão dele, pelo o que eu
entendi o pelotão dele arruma equipamentos quebrados, tomara que esse pelotão
não entre em combate.
Fevereiro, 10
Chegamos a uma base militar, o clima aqui
é de morte.
Todos andam calados e com os olhares
baixos e cansados, todos os dias chegam caminhões abarrotados de corpos. Alguns
inteiros, outros faltando braços, pernas e também partes de corpos avulsos,
pernas, dedos, cabeças até mesmo uma mandíbula eu vi cair na vala para ser
enterrada, dei uma breve olhada nos corpos ao redor, todos estavam com a
mandíbula.
Eu estou em uma área da base que apelidei
de “cemitério cinza”. Aqui estão tanques, aviões, carros, caminhões, motos,
canhões, armas e vários equipamentos de comunicação, todos quebrados e
aguardando conserto.
Quando chegou a noite perguntei onde iria
dormir ao Sargento Tood, que rindo disse para eu escolher qualquer lugar dentro
ou fora de algum carro ou avião, bem pelo menos não vou dormir com formigas me
atacando e ele não falou gritando, isso foi um alívio para mim.
Escolhi um avião, o que estava em pior
estado. Os outros mais habitáveis já estavam ocupados por grupos de soldados e
cabos, como era novo no lugar achei melhor ficar sozinho. O avião, pelo que
pude perceber, viu a ação do combate. O casco está repleto de furos de bala e
um enorme buraco na lateral esquerda, o ferro está enferrujado. Pelo menos na
cabine ainda existia uma poltrona que deveria ser do piloto, está com cheiro de
mofo, mas dá para dormir sentado.
Fevereiro, 16
Os dias no cemitério cinza são sempre
silenciosos, não vejo mais os caminhões trazendo os mortos e os gritos de
treinamento para quem vai para o combate são sussurros que vem de longe, na
maioria das vezes nem os escuto.
O Sargento Tood me designou para aprender
e a ajudar o Cabo Collins com os rádios. No início foi confuso, mas com alguns
dias fui aprendendo a diferenciar os modelos, peças e fios, concertei o meu
primeiro rádio depois de dois dias, foi uma vitória para mim.
Fiquei sabendo que o William Sem
Sobrenome e o White vão partir amanhã para a batalha, queria me despedir deles,
mas o Sargento Tood disse que isso é a guerra, e que em breve nos veremos no
céu de Deus, achei melhor ficar calado e voltar para o conserto dos rádios.
O avião que virou minha casa é um B-25,
um bombardeiro muito usado e muito bom nas batalhas. A história desse eu achei
interessante, o seu nome é “Donzela”. Um nome engraçado para avião, me falaram
que o piloto dela era o melhor, bombardeava sempre com precisão e fazia
manobras arriscadas para fugir quando era atacado, dizem que um dia
simplesmente a Donzela pousou no campo sem usar os trens de pouso, dentro não
existia mais nenhuma bomba, a tripulação estava baleada e desmaiada, a cabine
do piloto estava vazia e ele sumiu. No dia que ouvi essa historia não quis dormir
na poltrona.
Fevereiro, 22
Ontem tive um sonho estranho, sonhei que
estava pilotando a Donzela, mesmo com o motor faltando, os buracos de bala e o
casco aberto no lado, eu a estava pilotando e bombardeando campos e cidades, me
sentia bem no sonho, o avião era como uma extensão do meu corpo. Acordei suado
e olhei para poltrona assustado, ainda era madrugada e eu deitei no chão para
voltar a dormir.
A tarde perguntei ao Cabo Collins sobre a
história da Donzela para saber se era realmente verdade, ele confirmou e ainda
completou dizendo que ninguém sobreviveu. Hoje vim dormir dentro de uma
viatura, já me sinto desconfortável, a poltrona da cabine da Donzela é mais
confortável.
Março, 03
Devo estar ficando louco, ontem fui
dormir na viatura e acordei dentro da Donzela, não sei como fui parar lá,
passei o dia observando os outros, mas ninguém ria ou falava nada, se foi
alguma brincadeira estão fazendo muito bem, prefiro pensar que é uma pegadinha.
Hoje aconteceu algo de estranho comigo, o
Cabo Collins teve uma disenteria intestinal e eu fiquei sozinho arrumando os
rádios, quando foi quinze horas, todos começaram a fazer estática, chiavam
alto, quase ensurdecedor e de repente um grito ecoou de todos os rádios ao
mesmo tempo, corri de medo e chamei um soldado que é responsável pelos carros,
quando entramos tudo estava no mais completo silêncio.
O soldado riu de mim falando que estou
ficando louco e foi embora, chequei rádio por rádio, a maioria estava com a fio
que liga ao alto-falante desconectada, como seria possível que eles fizessem
aquela estática toda?
Março, 19
Meus sonhos nos últimos dez dias estão
sendo iguais estática e gritos, não sei mais o que fazer, o Cabo Collins diz
que pode ser o stress por estarmos na guerra. Acho que não, podemos estar na
guerra, mas a guerra não esta conosco.
Por incrível que pareça, quando durmo na
Donzela a estática é menor, há uma semana que durmo no avião, durmo mal, mas
durmo.
Março, 29
Os sonhos em que piloto estão mais
frequentes e reais, posso jurar que ontem estava em combate, ainda mais que
acordei com um roxo no braço no mesmo lugar que bati no meu sonho, descartei a
ideia que possa ser uma pegadinha.
Eu vou arrumar um rádio e colocar no
painel da Donzela, no ultimo sonho quase fui pego, lembro que tentei usar um
rádio para pedir ajuda, mas como não tinha tive que me virar sozinho, foi
eletrizante e assustador o sonho. Será que com um rádio no painel poderei me
comunicar com alguém durante o sonho?
Segundo trimestre
Abril, 08
Estou começando a ficar desesperado,
todos os rádios que arrumo e coloco no painel da Donzela simplesmente não
funcionam. Alguns estouram, outros derretem os cabos da conexão e um até pegou
fogo. O interessante é que fogo apenas consumia o rádio, o fogo consumiu todo o
rádio transformando-o em pó, mas o painel permaneceu intocado.
Eu disse ao Cabo Collins o que aconteceu,
sobre o fogo e tudo mais, ele riu muito de mim, e disse que a Donzela é a única
aeronave que eles não tentam arrumar, parece que ela é amaldiçoada ou algo do
tipo, ela apenas aceita peças dela e recusa o que não foi dela originalmente.
Claro que fiquei com um pouco de medo do
que ele me disse, mas isso não me fez ir dormir em outro lugar, ainda prefiro
dormir na cabine da Donzela e ter os meus sonhos de piloto.
Abril, 28
As últimas semanas foram as mais tensas
da minha vida, pela primeira vez desde quando cheguei aqui no cemitério cinza à
guerra se aproximou de mim.
Lembro que acordei assustado com sirenes
e trombetas tocando e vários homens gritando, eram sons de tiros, aviões,
bombas e a claridade do fogo que iluminava a noite, fomos atacados pelos
nazistas.
Pensei que ia morrer na noite do dia 10,
o máximo que consegui fazer foi me esconder por de baixo do painel da Donzela e
abraçar o meu caderno. Felizmente os nossos antiaéreos cumpriram com a suas
funções, derrubaram todos os sete aviões negros com a suástica pintada em
vermelho em suas asas.
Mas nada vai me fazer esquecer de quando
o dia amanheceu e saí da Donzela. Tudo estava queimado, tudo estava destruído e
com marcas da batalha, menos a Donzela.
Maio, 04
Ontem abandonamos a nossa base, estamos
indo na direção do leste, o Cabo Collins disse que o Coronel responsável deu a
ordem para garantir a nossa segurança.
A Donzela ficou para trás e eu não
consegui dormir essa noite, era só eu fechar o olho que a estática dos rádios
invadia a minha cabeça, passei a noite olhando as estrelas, como eu queria ter
os meus sonhos.
Maio, 12
Já faz dois dias que paramos em um campo
perto de um pequeno lago, pelo o que parece iremos montar a nova base aqui,
parece ser um lugar bom e longe da guerra, mas o cemitério cinza também era e a
guerra nos alcançou.
Não consigo dormir desde o dia que partimos,
hoje cedo quando fui fazer a barba usando a faca como espelho reparei que estou
com olheiras, minha aparência está péssima.
Maio, 22
Estou pensando seriamente em desertar e
voltar para o cemitério cinza. Não durmo, mal consigo comer e ontem a noite enquanto
estava deitado olhando para as estrelas pude ver a Donzela voando em círculos,
estou sendo perseguido pelos meus sonhos.
Não sei mais se estou ficando louco ou se
já fiquei.
Junho, 15
Já faz cinco dias que fugi da base, estou
perdido no campo e não sei que direção seguir.
Todo dia ao nascer e ao por do sol
verifico se estou indo para o oeste, pois se fugimos para o leste, o cemitério
cinza só pode estar para a oeste.
Espero não estar louco a ponto de não
saber que o sol nasce no leste e se põem no oeste.
Junho, 17
Durante a noite de ontem, enquanto estava
deitado comecei a escutar vozes, mas não eram vozes da minha cabeça, eram vozes
transmitidas de um rádio.
Primeiro fiquei com medo, se há um rádio
por perto deve haver pessoas por perto também, fiquei com medo de ser
capturado.
Tentei me camuflar debilmente para me
aproximar de onde vinha o som, à medida que me aproximava, mais claras as vozes
ficam, podia ouvi-las pedindo ajuda.
Quando cheguei perto do local que vinha o
som reparei que era de um rádio coberto de lodo e folhas, estava enferrujado,
mas o som era nítido, quando o peguei formigas subiram na minha mão e a voz da
transmissão disse: Volte para mim John Robinson Miller.
Soltei o rádio no chão por causa do
susto, passei a noite em pé ouvindo o rádio repetir a mesma mensagem com o meu
nome, assim que o sol começou a nascer peguei o rádio e fui em direção ao
oeste.
Junho, 25
Consegui chegar ao cemitério cinza na
manhã de hoje, devo admitir que apenas consegui chegar aqui por causa do rádio
enferrujado, a voz ficava fraca a medida que eu ia pelo caminho errado, assim
foi fácil chegar aqui.
Para a minha maior surpresa quando
cheguei fui surpreendido por um pelotão, e nele estavam William Sem Sobrenome e
o White, eles disseram que foram pegos em uma emboscada e o tenente recuou para
avisar a base do ataque, mas como eles viram, eles chegaram tarde. Por não
saberem para onde todos haviam ido eles ficaram esperando por alguém voltar ou
se recuperarem para partir para o norte.
Misteriosamente assim que entrei no
cemitério cinza o rádio ficou mudo, ao dizer a eles como fiz para voltar e como
o rádio funcionou, eles não acreditaram e, como eu esperava, riram de mim.
Junho, 27
Ontem consegui dormir e tive o meu sonho
de piloto, como eu suspeitava o rádio era da Donzela, e no sonho ele funcionou
perfeitamente.
Em meio ao ataque que eu fazia parte
falava com todos pelo rádio, até que quase tive a impressão que falei com o
Cabo Collins, lembro que ele perguntou onde eu estava e o respondi que estava
em combate, falei para ele as coordenadas da base nazista que estava atacando,
em pouco tempo apareceram cinco aviões que somaram força ao meu ataque.
Devo estar realmente louco, quando falei
para o White sobre o sonho ele disse que passei a noite dormindo e que a
Donzela permaneceu em seu lugar imóvel.
Junho, 28
Estou com a impressão que o pelotão esta
aumentando a cada dia que passa, a dois dias atrás havia a metade de soldados
que hoje tem no cemitério cinza, o que me intriga é que eu não os vejo comendo
ou dormindo, eles apenas passam o dia e a noite andando de um lado para o
outro.
Estou com medo deles, estou passando os
últimos dias dentro da Donzela, eles não se aproximam do avião e isso me dá um
certo conforto.
Terceiro Trimestre
Julho 15/16
Não estou mais conseguindo contar o
tempo, os dias foram se passando e eu acabei por deixar me perder, segundas,
quartas ou domingos para mim são sempre os mesmos. O sol se põe e depois de um
tempo ele dá espaço a lua, e nesse vai e vem eu vou tendo os meus sonhos de
piloto e o pelotão do cemitério cinza cresce cada vez mais.
Por incrível que pareça, estou cada vez
mais crente que essas pessoas que chegam aqui são fantasmas ou restos
dilacerados de memórias perdidas de combates.
Julho/Agosto
Não sei quanto tempo tem que não escrevo
no meu diário, na verdade não sei quanto tempo tem que não tomo banho, ou a
quantas horas me alimentei decentemente. A única explicação que possuo é a de
que devo estar morto ou muito próximo disso.
O cemitério cinza está completamente
lotado com os fantasmas da guerra, e até hoje não sei dizer o motivo de eu
conseguir conversar com eles e vê-los, isso me atormentou um pouco no início,
mas agora eu vejo isso como um dom.
Tenho que escrever antes que me esqueça,
percebi que nos meus sonhos de piloto, de alguma forma que eu não sei explicar
eu realmente estou em momentos de combate real. E por mais louco que possa
parecer, eu consigo me comunicar com os outros aviões que, ao contrário de mim,
são reais. Nas transmissões eles me chamam de “piloto das sombras”, nunca me
senti tão importante.
Setembro, um dia qualquer
Ontem voando em meu sonho encontrei uma
base enorme nazista. De acordo com o painel da Donzela as coordenadas eram
latitude 47.15 e longitude 6.56, o Cabo
Collins me confirmou as coordenadas e disse que irá mandar um ataque maçante na
noite do dia hoje.
O William Sem Sobrenome e o White estão
conduzindo todos que estão no cemitério para dentro da Donzela, o que me
intriga é que no momento que eles entram, eles somem e instantaneamente uma
parte da aeronave se repara instantaneamente. A fuselagem, a parte elétrica, a
estética e ao final a Donzela estava como nova, impecável.
Antes que os meus dois ex-companheiros
entrassem eles me falaram que hoje eu iria vingar a morte de todos e que eu já
estava pronto para pilotar. Eles não me deram tempo para resposta e embarcaram,
ao sumirem na lateral do avião surgiu de imediato a palavra “Donzela” e logo
abaixo “Piloto das sombras”.
Hoje será o meu dia, o dia do cumprimento
do objetivo de eu estar vivo e de ter chegado até aqui.
—
– As próximas paginas do diário foram
arrancadas ou estão ilegíveis, como várias outras ao longo dele – disse o
professor de história com especialização em segunda guerra para o seu público
de mais de quinhentas pessoas. Não conseguimos assegurar que as informações
contidas neste diário são verídicas ou alucinações de um combatente, mas a base
nazista citada realmente existiu e, inacreditavelmente, a latitude e a
longitude levam a uma região no sul da França que faz divisa com a Alemanha.
Alguns sobreviventes afirmam que foram avisados sobre o ataque a essa base que
se encontrava nas coordenadas um dia antes e que na noite do ataque havia uma
aeronave que os ajudou e sumiu ao nascer do sol.
Um dos ouvintes levantou a mão pedindo a
permissão para fazer uma pergunta – Professor Parker, se o diário diz o local
da base, diz sobre um ataque que realmente foi executado, por que ninguém
procurou esse cemitério cinza? E se existem outras páginas escritas, isso quer
dizer que o John atuou mais durante a guerra pilotando a Donzela não é mesmo?
O professor sorriu, feliz com a pergunta
– O cemitério cinza existe, mas não com esse nome. Era a base da 6° Divisão de
Infantaria. Pelos meus estudos, a base ficava a pouco mais de trinta
quilômetros a leste da base nazista. E sobre as atuações de John pilotando a
Donzela, posso dizer que existem várias histórias de ataques aéreos que foram
ajudados por uma nave misteriosa que aparecia ao anoitecer e sumia ao amanhecer.
Eu acredito neste diário, mas muitos dizem que esse caderno velho é apenas a
válvula de escape de um jovem escritor que acabou na guerra por azar. No que
você acredita, meu rapaz?
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